sábado, 12 de setembro de 2009

AÇÕES SOCIAIS E REFORMA DA IGREJA NA PAROQ S. PEDRO NOLASCO

1. Já faz 03 meses que tem 60 jovens carentes da paróquia em nosso salão fazendo cursos profissionalizantes de informática e manutenção de computadores, ainda recebem uma bolsa para ajuda aos estudos no valor R$ 100,00.
2. Estamos fazendo reforma na igreja, como mudança de uma parte do piso existente para antiderrapante, pondo ventiladores próximos das pessoas, repondo as lâmpadas queimadas e breve será pintado à igreja por fora e por dentro.
3. Foi criado forma de geração de renda para 25 famílias desempregadas por meio da reciclagem de objetos usados que as pessoas não queiram mais usar em sua casa para gerar emprego no modelo do “Movimento Emaus Internacional”
4. Estamos freqüentemente recebendo doações para distribuir ou ser usado pelos mais pobres tanto do governo estadual como da “Caritas internacional”.
- Foram distribuídas kit de limpeza para 140 pessoas mais pobres- 70 pessoas carentes receberam filtros que distribuímos a noite depois deles participarem da missa e da organização da biblioteca da paróquia.
- Foi criada uma biblioteca para jovens e adolescentes usarem para seus estudos por meio de doações pela secretaria de educação do estado de cerca de 4 a 5.000 livros.
- Faremos um curso de informática nos sábados e domingos para jovens carentes aqui na paróquia, onde estagiários da UESPI do curso de informática irão assessorar o curso com alguns computadores doados pelo órgão do estado, DETRAN. Durante a semana haverá uma lan house paroquial com preço simbólico a hora de uso da internet.
- Recebemos do Armazém Paraíba 3 ventiladores, montamos uma nova tubulação de água e compramos cx d’agua para ser usado 1 banheiro e recebemos parte do recurso da compra de um bebedouro para ser usado no salão paroquial e dar mais conforto às reuniões, encontros e cursos.
- Recebemos da CONAB – Piauí alimentos de feijão, farinha e açúcar para distribuir a pessoas carentes da paróquia S. Pedro Nolasco e a Área pastoral N.Sra de Nazaré e ofereço a quem fazem trabalhos comunitários de reciclagem e de hortaliças.

5. Tenho cerca de 250 Dvds na secretaria paroquial onde tem filmes bíblicos, de Santos e históricos para serem alugado para os interessados por um preço simbólico e assim aumentar nosso conhecimento sobre a Bíblia, e a vida dos santos e nossa cultura geral de forma fácil de assimilar.

6. A Secretaria de Educação do Estado me ofereceu para que eu implante 25 turmas de alfabetização de de jovens e adutos tanto nas comunidades rurais como urbanas nas duas cidades em que estou trabalhando e assim irá gerar 25 emprego para os educadores em que foram inscritos centenas de analfabetos para em breve começarem as aulas.
7. Estão sendo realizados neste mês de setembro aqui no salão paroquial, cursos pela prefeitura de Campo Maior, de: redes, bombons de chocolate, sobremesa, salgadinhos, sabão líquido e etc...

Contato de Pe. João Paulo

E-mail: joaopaulocarvalhoesilva@hotmail.com
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Telefone: 00(55) 86 99488419

CASO QUEIRA AJUDAR NESTAS AÇÕES DA PARÓQUIA DE PE. JOÃO PAULO É SÓ FAZER DEPÓSITO NESSA CONTA DA PARÓQUIA SÃO PEDRO NOLASCO:

Banco BRADESCO

Número da Conta: 4.840-2 AGENCIA: 0985-7

Titularidade da Conta:
DIOCESE DE C MAIOR – OBRAS SOC DOM ABEL

Endereço do Banco: AV. DEMERVAL LOBÃO, Nº 765
Cidade: Campo Maior – Piauí País: Brasil

Código SWIFT: BBDEBRSPFLA


Pe. João Paulo Carvalho e Silva.

6º Fórum Nacional de Defesa Civil dia 10 e 11 de setembro em Teresina

6º Fórum Nacional de Defesa Civil que aconteceu dia 10 e 11 de setembro de 2009 em Teresina. O evento teve o tema “Um novo olhar sobre a Defesa Civil” e teve o objetivo de fazer um intercâmbio de experiências entre as Defesas Civis de todo o país. No evento foi apresentado planos de ação de cidades consideradas modelo como São Francisco do Conde – BA. Mas as discussões que mais chamaram atenção foram a da prof. Cilene Victor “Comunicação como ferramenta de prevenção de desastres” e a do professor Luís Carlos Molion “Mudanças Climáticas - Causas e Efeitos”.
Na sua exposição a professora Cilene Victor falou sobre a necessidade de dar voz à população e aos cientistas para as reportagens. E isso vale não só para casos de desastres, prevenção deles, mas também para todos os assuntos. O que se vê hoje é a priorização das fontes oficiais em detrimento das outras fontes, colocando os governos como únicos detentores da palavra. Outra necessidade que foi apontada também foi a capacitação de comunicadores/as populares nas comunidades. Esses que não precisam ser gente formada na área, mas gente que detenha o conhecimento e que tenha o poder de influenciar e multiplicar conhecimento dentro das comunidades.
Mas a mensagem principal foi buscar meios alternativos de comunicação com as pessoas, não priorizando os grandes meios de comunicação. Pois há muito mais interesse por trás das notícias que supõe a nossa vã filosofia... E isso não acontece somente aqui no Pi não. Mas na intocável imprensa “livre” de SP também. Na oficina específica para profissionais de comunicação, infelizmente a figura do Secretário Fernando Monteiro estava lá para monitorar a conversa. A palestra do Professor Molion desmistificou todo o conceito de Aquecimento Global que nos é passado hoje. Confesso que fiquei um pouco chocada quando ele disse que a causa do aquecimento global não é antrópica (não é provocada pelo homem), mas é um fenômeno natural e que de agora em diante a tendência é de o planeta passar por um resfriamento. Isso mesmo que vocês leram, um RESFRIAMENTO. Uma tese bem interessante e pertinente se você estiver aberto aos argumentos do cientista.
De acordo com ele, o calorão que Teresina passa hoje é um resultado da “Ilha de Calor” provocada por muito concreto, muito asfalto e poucas arvores. As árvores são as principais responsáveis pela manutenção da umidade do ar e água necessária para a formação das chuvas permanentes. Funciona como a pele: o suor é o responsável pelo resfriamento do corpo. As arvores são responsáveis pelo resfriamento da atmosfera.
As chuvas que estão ocorrendo são de responsabilidade do aquecimento do Oceano Pacífico, fato que acontece de tempos em tempos (tipo no intervalo de 50 anos). Uma tese bem interessante que quem tiver interesse em ver um pouco mais tem um artigo disponível
.
Essas observações são interessantes para que se possa monitorar o meio ambiente e tentar conviver com suas mudanças. Segundo o pesquisador, de agora em diante sofreremos com invernos mais severos e secas mais prolongadas. Então, como o período chuvoso se concentrará em determinada época do ano e depois disso ficará mais difícil de cair uma gota sequer de chuva, é necessário que pensemos na ampliação de Políticas de Convivência com o Clima Semiárido em mais formas de armazenamento de água. E também para quem vive em lugares de clima mais frio, convivência com as geadas que serão mais rigorosas a partir de agora.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

NOTICIA DO 12º ENCONTRO INTERCLESIAL DAS CEBS

Porto Velho parou neste sábado, 25, para assistir à caminhada de 3 km que marcou o encerramento do 12º Encontro Intereclesial das Comunidades de Base. Uma multidão de 10 mil pessoas tomou conta das ruas da capital de Rondônia veja abaixo a carta final do encontro.

Carta Final do 12º Intereclesial às Comunidade
“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu; ... Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados...” (Mt 5, 3.6)

1. Nós, participantes do XII Intereclesial das CEBs, daqui das margens do Rio Madeira, no coração da Amazônia, saudamos com afeto as irmãs e irmãos de todos os cantos do Brasil e dos demais países do continente, que sonham conosco com novos céus e nova terra, num jeito novo de ser igreja, de atuar em sociedade e de cuidar respeitosa e amorosamente de toda a criação!
2. Fomos convocados de 21 a 25 de julho de 2009, pelo Espírito e pela Igreja irmã de Porto Velho/RO, para nos debruçar sobre o tema que nos guiou por toda a preparação do Intereclesial em nossas comunidades e regionais: “CEBs: Ecologia e Missão – Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia”.
Acolhendo as delegações e celebrando os povos da Amazônia
3. Encheu-nos de entusiasmo ver chegando, depois de dois, três e até cinco dias de viagem os delegados, em sua maioria de ônibus fretados, ou ainda em barcos e aviões. Em muitos ônibus, vieram acompanhados de seus bispos e encontraram, ao longo do caminho, acolhida festiva e refrigério em paradas nas dioceses de Rondonópolis, Cuiabá e Cáceres no Mato Grosso, Jataí em Goiás, Uberlândia em Minas Gerais e, entrando em Rondônia, nas comunidades de Vilhena, Pimenta Bueno, Cacoal, Presidente Médici, Ji-Paraná, Ouro Preto e Jaru. Apresentamos carinhoso agradecimento pela fraterna e generosa acolhida de todas as delegações pelas famílias, comunidades e paróquias de Porto Velho, o infatigável trabalho e dedicação do Secretariado e das equipes de serviço, em que se destacaram tantos jovens.
4. Somos 3.010 delegados, aos quais se somam convidados, equipes de serviço, imprensa e famílias que acolhem os participantes, ultrapassando cinco mil pessoas envolvidas neste Intereclesial. Dos delegados de quase todas as 272 dioceses do Brasil, 2.174 são leigos, sendo 1.234 mulheres e 940 homens; 197 religiosas, 41 religiosos irmãos, 331 presbíteros e 56 bispos, dentre os quais um da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, além de pastores, pastoras e fiéis dessa Igreja, da Igreja Metodista, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e da Igreja Unida de Cristo do Japão. O caráter pluriétnico, pluricultural e plurilinguístico de nossa Assembléia encontra-se espelhado no rosto das 38 nações indígenas aqui presentes e no de irmãos e irmãs de nove países da América Latina e do Caribe, de cinco da Europa, de um da África, de outro da Ásia e da América do Norte. Queremos ressaltar a presença marcante da juventude de todo o Brasil por meio de suas várias organizações.
5. “Sejam benvindos/as nesta terra de muitos rios, igarapés e de muitas matas, onde está a Arquidiocese de Porto Velho, que se faz hoje a Casa das Comunidades Eclesiais de Base”. Assim, fomos recebidos, na celebração de abertura pela equipe da celebração e por Dom Moacyr Grechi, com muita música e canto, ao cair da noite, ao lado dos trilhos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré que lembra para os trabalhadores, que a construíram e para os indígenas e migrantes nordestinos, o sofrido ciclo da borracha na Amazônia. Foram evocadas ali e, seguidamente nos dias seguintes, as palavras sábias do provérbio africano: “Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes,consegue mudanças extraordinárias”.
6. Pelas mãos de representantes dos povos indígenas, dos quilombolas, seringueiros, ribeirinhos, posseiros e de migrantes do campo e da cidade foram plantadas ao lado do altar, três grandes tochas. Nelas, foram acesas milhares de velas dos participantes, cujas luzes se espalharam pelos degraus da esplanada, enquanto ouvíamos o canto do Cristo dos Seringais:
“Na densa floresta vai um caminheiroCristo seringueiro a seringa a cortar... “,Os versos eram entrecortados pelo refrão:“E vem a esperança que surja a bonança,Não seja explorado o suor na balança”.
“E vem a esperança que surja a mudançaE o homem refaça com Deus a aliança”.Ouvindo os gritos das comunidades da Amazônia e comungando com seus sonhos
7. Com o apito da sirene da Madeira-Mamoré, o trem das CEBs retomou sua caminhada, reunindo-se no dia seguinte, na grande plenária do PORTO, aclamado pela Assembléia, “PORTO DOM HELDER CAMARA”, pelo centenário do seu nascimento (1909-2009) e em resgate de sua profética atuação. Iniciamos esse primeiro dia, dedicado ao VER, partindo do grito profético da terra e dos povos da Amazônia, símbolos da humanidade, na sua rica diversidade, deixando-nos guiar na celebração pelo som dos maracás, tambores e flautas e pela dança de louvor a Deus de nossos irmãos e irmãs indígenas. Dali, partimos para os locais dos mini-plenários de 250 participantes, nas paróquias e escolas. Eles levavam os nomes de doze RIOS da bacia amazônica: Madeira, Juruá, Purus, Oiapoque, Guamá, Tocantins, Tapajós, Itacaiunas, Guaporé, Gurupi, Araguaia e Jari
8. Divididos nos Rios em 12 CANOAS, com duas dezenas de participantes cada uma, partilhamos as experiências, gritos e lutas das comunidades em relação à nossa Casa comum, a partir do bioma amazônico e dos outros biomas do Brasil (cerrado, caatinga, pantanal, pampas, mata atlântica e manguezais da zona costeira), da América Latina e do Caribe. Vimos nossa Casa ameaçada pelo desmatamento, com o avanço da pecuária, das plantações de soja, cana, eucalipto e outras monoculturas, sobre áreas de florestas; pela ação predatória de madeireiras, pelas queimadas, poluição e envenenamento das águas, peixes e humanos pelo mercúrio dos garimpos, pelos rejeitos das mineradoras e pelo lixo nas cidades. Encontra-se ameaçada também pelo crescente tráfico de drogas, de mulheres e crianças e pelo extermínio de jovens provocado pela violência urbana.
9. Somamos nosso grito ao das populações locais, para que a Amazônia não seja tratada como colônia, de onde se retiram suas riquezas e amazonidades, em favor de interesses alheios, mas que seja vista em pé de igualdade, no concerto das grandes regiões irmãs, com sua contribuição específica em favor da vida dos povos, em especial de seus 23 milhões de habitantes, para que tenham o suficiente para viver com dignidade.
10. Fazemos um apelo para que os governantes sejam sensíveis ao grito que brota do ventre da Terra e, pautados por uma ética do cuidado, adotem uma política de contenção de projetos que agridem a Amazônia e seus povos da floresta, quilombolas, ribeirinhos, migrantes do campo e da cidade, numa perspectiva que efetivamente inclua os amazônidas, como colaboradores verdadeiros na definição dos rumos da Amazônia.
11. Tomamos consciência também de nossas responsabilidades em relação ao reto uso da água, da terra, do solo urbano e à superação do consumismo, respondendo ao apelo, para que todos vivamos do necessário, para que ninguém passe necessidade.
12. Constatamos, com alegria, a multiplicação de iniciativas em favor do meio ambiente, como a de humildes catadores de material reciclável, no meio urbano, tornando-se profetas da ecologia e as de economia solidária, agricultura orgânica e ecológica. Saudamos os muitos sinais de uma “Terra sem males”, fazendo-nos crescer na esperança de que “outro mundo é possível, necessário e urgente”.
13. De tarde, realizamos a Caminhada dos Mártires, em direção ao local onde o rio Madeira foi desviado e em cujo leito seco, ao som dos estampidos das rochas dinamitadas, está sendo concretada a barragem da hidrelétrica. Celebrou-se ali Ato Penitencial por todas as agressões contra a natureza e a vida humana. Defronte às pedreiras que acolhiam as águas das cachoeiras de Santo Antônio, agora totalmente secas, ao lado da primeira capela construída na região, foram proclamadas as Bem-aventuranças evangélicas (Mt 5, 1-12), sinal da teimosa esperança dos pequenos, os preferidos de Deus.
14. No segundo dia, prosseguimos com o VER, com uma pincelada sobre a conjuntura atual na esfera sócio-política e econômica, apresentada por Pedro Ribeiro de Oliveira; na perspectiva das mulheres, por Julieta Amaral da Costa e do ponto de vista ecológico, por Leonardo Boff. Atendendo ao convite de Jesus: “Vinde e vede” (Jo, 1, 39), após a pergunta dos discípulos, “Mestre, onde moras?” (Jo 1, 38), partimos em grupos, em visita às muitas realidades locais: populações indígenas, comunidades afro-descendentes, ribeirinhas, extrativistas, grupos vivendo em assentamentos rurais ou em áreas de ocupação urbana; bairros da periferia; hospitais, prisões, casas de recuperação de pessoas com dependência química e ainda a trabalhos com menores ou pessoas com deficiência. O retorno foi rico na partilha de experiências, nas quais descobrimos sinais de vida nova. Reiteramos que os projetos dos grandes, principalmente as barragens das usinas hidrelétricas, as usinas nucleares geradoras de lixo atômico que põe em risco a população local, são projetos do capital transnacional que não favorecem os pequenos. Apoiados na sabedoria milenar dos povos indígenas, nos sentimos animados a repetir com eles: “Nunca deixaremos de ser o que somos”. Nós, como CEBs no meio dos simples e pequenos, reafirmamos nossa teimosa opção pelos pobres e pelos jovens, proclamada há trinta anos em Puebla, resistindo e lutando para superar nossas dificuldades, sustentados pela fé no Deus que se revelou a nós como Trindade, a melhor comunidade.
15. No terceiro dia, as celebrações da manhã aconteceram nos rios, resgatando memórias da espiritualidade dos povos da região e das experiências colhidas no caminho missionário percorrido no dia anterior, nas visitas às muitas realidades eclesiais e sociais de Rondônia. A oração foi alentada pela promessa do Êxodo: “Decidi vos libertar... vos farei subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa, terra, onde corre leite e mel” (Ex. 3, 8). Em cada canoa, os relatos iam revelando uma igreja preocupada com a justiça social e a defesa da vida nos testemunhos de gente simples em todos aqueles lugares visitados. Esses relatos aqueceram nosso coração e nos desafiaram a perseverar na caminhada das CEBs.
16. À tarde, fomos tocados por vários testemunhos. Em primeiro lugar, pela sentida oração dos Xerentes do Tocantins que celebraram seu ritual pelos mortos, homenageando o amigo e missionário, Pe. Gunter Kroemer. Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba, retomou em sua história a trajetória dos negros no Brasil, suas dores, resistências e esperanças de um mundo melhor, nos seus Quilombos da liberdade. Marina Silva, senadora pelo Acre e ex-ministra do Meio Ambiente, contou sua caminhada de menina analfabeta do seringal para a cidade de Rio Branco e de lá para São Paulo, mas principalmente sua incessante busca, a partir da fé herdada de sua avó, alimentada pela experiência das CEBs, da leitura da Palavra de Deus e pelo exemplo de Chico Mendes, de bem viver e de colocar-se publicamente a serviço, em favor do povo amazônida. Por fim, depois da apresentação de Dom Tomás Balduíno, em que ressaltou o papel de Dom Pedro Casaldáliga da Prelazia de São Félix do Araguaia na fundação, junto com outros, do CIMI, da CPT e de Pastorais Sociais, acompanhamos pelo vídeo seu testemunho e nos emocionamos com suas palavras de esperança e confiança em Jesus e na utopia do seu Reinado.
17. Neste dia, ocorreu também o encontro da Pastoral da Juventude de todo o Brasil e outro também muito significativo entre bispos, assessores e Ampliada Nacional das CEBs. Momento fecundo do estreitamento de laços e abertura a novos passos em nossa caminhada, em que foi expressa a alegria e alento trazidos pela presença significativa de tantos bispos. Desse encontro, os bispos presentes resolveram enviar sua palavra às comunidades:Palavras dos Bispos às CEBs
18. Os 56 bispos participantes do Intereclesial, reunidos na sexta-feira à noite com os assessores e os membros da Ampliada Nacional das CEBs, avaliaram muito positivamente o Intereclesial, destacando especialmente a seriedade e o empenho dos participantes no debate da temática do encontro, a espiritualidade expressa nas bonitas celebrações diárias nos “rios”, o clima sereno e fraterno e o grande envolvimento das comunidades das dioceses do regional Noroeste da CNBB na organização e realização do encontro.
A presença de 331 padres que participaram do Intereclesial levou os bispos a exprimirem o desejo de que, neste ano sacerdotal, todos os padres do Brasil renovem o compromisso de acompanhar as CEBs, empenhadas em testemunhar os valores do Reino, como discípulas e missionárias.Constatando que, a partir da Conferência de Aparecida, as CEBs ganharam reconhecimento e novo alento em todo o continente, os bispos tiveram também palavras de apoio e incentivo para a continuação da caminhada das comunidades no Brasil, reforçadas pelo presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha.Diante da agressão continuada da Amazônia, juntamente com todos os participantes do encontro, manifestaram sua preocupação com a construção da barragem de Santo Antônio e Jirau no Rio Madeira, os projetos de outras barragens no Xingu, Tapajós, Araguaia e noutros rios e a continuada devastação da floresta pelo avanço da pecuária, das plantações de soja e cana, e da extração ilegal de madeira.
Nas diferenças, o mesmo Deus que nos convoca para a Justiça e a Paz
19. Na manhã do último dia, fomos guiados pelo texto do Apocalipse: “O anjo mostrou para mim, um rio de água viva... O rio brotava do trono de Deus e do cordeiro...; de cada lado do rio estão plantadas árvores da vida... suas folhas servem para curar as nações” (Ap 22, 1-2). Bebemos no manancial da fé que nos une a todos e todas, na única família humana, como filhos e filhas da mesma Mãe-Terra, a Pacha-Mama dos povos andinos, a Terra sem Males dos Povos Guarani, na busca, sonho e construção do Reino de Deus anunciado por Jesus.
20. Juntos, representantes das Religiões Indígenas e dos Cultos Afro-brasileiros, de Judeus, Cristãos Ortodoxos, Católicos e Evangélicos, Muçulmanos, de mulheres e homens de boa vontade e de todas as crenças, no diálogo e respeito à diversidade da teia da vida, acolhemos os gritos da Amazônia e de todos os biomas e reafirmamos nossa solidariedade e compromisso com a justiça geradora da paz.
21. Caminhamos como povo de Deus que conquista a Terra Prometida e a torna espaço de fartura e fraternura, acolhendo todas as expressões da vida.
Nossos Compromissos
22. Comprometemo-nos a fortalecer as lutas dos movimentos sociais populares: as dos povos indígenas, pela demarcação e homologação de suas terras e respeito por suas culturas; as dos afro-descendentes, pelo reconhecimento e demarcação das terras quilombolas; as das mulheres, por sua dignidade e igualdade e avanço em suas articulações locais, nacionais e internacionais; as dos ribeirinhos pela legalização de suas posses; as dos atingidos pelas barragens, pelo direito à terra equivalente, restituição de seus meios de sobrevivência perdidos e indenização por suas benfeitorias; as dos sem terra, apoiando-os em suas ocupações e em sua e nossa luta pela reforma agrária, contra o latifúndio e os grileiros; as dos Movimentos Ecológicos, contra a devastação da natureza, pela defesa das águas e dos animais.
23. Queremos defender e apoiar o movimento FLORESTANIA, no respeito à agrobiodiversidade e aos valores culturais, sociais e ambientais da Amazônia.
24. Assumimos também o compromisso de respaldar modelos econômicos alternativos na agricultura, na produção de energias limpas e ambientalmente amigáveis; de participar na luta sindical, reforçando a ação dos sindicatos do campo e da cidade, com suas associações e cooperativas e sua luta contra o desemprego, com especial atenção à juventude.
25. Convocamos a todos nós para o trabalho político de base, para a militância em movimentos sociais e partidos ligados às lutas populares; para participar nas lutas por políticas públicas ligadas à educação, saúde, moradia, transporte, saneamento básico, emprego, reforma agrária e para tomar parte nos conselhos de cidadania, nas pastorais sociais, no movimento pela não redução da maioridade penal, no Grito dos Excluídos, nas iniciativas do 1º. de Maio e das Semanas Sociais.
26. Comprometemo-nos ainda a fortalecer e multiplicar nossas Comunidades Eclesiais de Base, criando comunidades eclesiais e ecológicas de base nos bairros das cidades e na zona rural, promovendo a educação ambiental em todos os espaços de nossa atuação; a intensificar a formação bíblica; a incentivar uma Igreja toda ela ministerial, com ministérios diversificados confiados a leigas e leigos assumindo seu protagonismo, como sujeitos privilegiados da missão; a fortalecer o diálogo ecumênico e inter-religioso superando a intolerância religiosa e os preconceitos.
27. Queremos, a partir das CEBs, repensar a pastoral urbana, como um dos grandes desafios eclesiais; assumir o testemunho e a memória dos nossos mártires e empenhar-nos na Missão Continental proposta pela V Conferência do Episcopado Latino-americano e Caribenho, em Aparecida.
Rumo ao XIII Intereclesial no Ceará
28. Acompanhados pelas comunidades e famílias que nos receberam e caravanas de todo o Regional, celebramos a Eucaristia, presença sempre viva do Crucificado/Ressuscitado, comprometendo-nos com todos os crucificados de nossa sociedade, com suas lutas por libertação, para construirmos outro mundo possível, como testemunhas da Páscoa do Senhor, acompanhados pela proteção e benção da Mãe de Deus, celebrada no Círio de Nazaré e invocada na região amazônica, com outros tantos nomes; no Brasil, com o título de Aparecida, e na nossa América, com o de Virgem de Guadalupe.
29. Escolhida a Igreja do Crato, que irá acolher, nas terras do Padim Pe. Cícero, o XIII Intereclesial, recolocamos nos trilhos o trem das CEBs, rumo ao Ceará, enviando a vocês, irmãos e irmãs das comunidades, nosso abraço fraterno, e cheio de revigorada esperança.
AMÉM! AXÉ! AUERÊ! ALELUIA!

FOTOS E TEMÁTICAS DO 10º NORDESTÃO DOS PRESBÍTEROS EM FORTALEZA




















Pe. João Paulo Carvalho, Pe. Gilcimar Lima, Pe. Francisco Alves e representaram os presbíteros da Diocese de Campo Maior no X Nordestão de Presbíteros promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Comissão Nacional de Presbíteros e as Comissões Regionais de Presbíteros-CRP de 17 a 20 de agosto em Fortaleza-CE.


O evento foi aberto no dia 17, por Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Teresina (PI), presidente do Departamento de Vocações e Ministérios do CELAM, membro da Comissão Episcopal para os Ministérios e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e presidente do Regional Nordeste 4.
O tema do Encontro foi: “Formação Presbiterial, em sintonia com o Ano Sacerdotal” e a comemoração dos 25 anos de Encontros de Presbíteros no Brasil. Outros assessores colaboraram com o evento, como o padre Manfredo de Oliveira, que falou sobre a conjuntural atual; enquanto que o tema: "A Missão dos Presbíteros a partir das Cartas Paulinasfoi abordado pela teóloga e professora Tânia Couto.

sábado, 15 de agosto de 2009

PARTE DO PRIMEIRO CAPÍTULO DA TESE DE DOUTORADO DE PE. JOAO PAULO

IGREJA CATÓLICA E SOLIDARIDADE SOCIAL NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA
Apresentação:

Num contexto nacional de profunda desigualdade económica e social, a Igreja Católica no Brasil assume mais intensamente desde a década de 1970 um papel significativo no campo do trabalho social, denominado terceiro sector, ocupando cada vez mais espaço no plano institucional, caracterizando uma aproximação com o Estado, traduzindo o que Giddens destaca uma parceria com organizações da sociedade civil para promover o desenvolvimento (Giddens, 1998).
Com 8602 paróquias e 267 dioceses, espalhados por 5.560 muniípios, a Igreja católica no Brasil constitui-se uma gigantesca rede de caridade e promoção social, desenvolvendo actividades em diversas áreas onde o estado previdência possui presença limitada ou inexistente. Com uma das piores distribuição de renda, o Brasil tem na Igreja Católica uma Organização Não Governamental de solidariedade social, através dos diversos organismos de apoio paroquial e pastorais, em busca da redução da pobreza e inclusão social.
O presente estudo tem como objectivo identificar as políticas e as iniciativas desenvolvidas pelas Igreja Católica contra a pobreza e a exclusão social, no contexto dos jovens e adolescentes, visando um melhor conhecimento sobre o fenómeno em causa, identificando os atores e destinatários dos programas de ação social desenvolvidos pela Igreja Católica.
Enquanto pertencente do Terceiro Sector, um dos mais atuantes parceiros do Estado-Previdência, a Igreja Católica no Brasil assume uma relevância cada vez maior na execução de políticas públicas implementadas nos últimos dez anos no contexto rurais e urbanos no Brasil.
Com a tendência burocratizante do Estado-Previdência brasileiro, mutilplicam-se as iniciativas de solidariedade direta, com o fortalecimento da Sociedade Civil, instaurando-se, como afirma Hespanha, “um sistema de pluralismo assistencial no qual a Sociedade Civil e o Estado partilham mais responsabilidade no domínio da protecção social, reassumindo a primeira algumas responsabilidades de que o Estado-Providência a tinha aliviado” (Hespanha et al. 2000:14).
Com estruturas relativamente fechadas, a Igreja Católica possui uma extensa rede de instituições de assistência aos jovens e adolescentes.

Caracterização e contextualização do Estado do Piauí:

Na busca de uma compreensão aprofundada do espaço territoral do Piauí, é importante identificar todas as áreas e sistemas, sendo o território entendido como:
Um conjunto de sistemas naturais mais os acréscimos históricos materiais impostos pelo homem. Ele seria formado pelo conjunto indissociável do substrato físico, natural ou artificial, e mais o seu uso, ou , em outras palavras, a base técnica e mais as práticas sociais, isto é, uma combinação de técnicas e de política. Os acréscimos são destinados a permitir, em cada época, uma nova modernização (Santos, 2002, 87).
O Piauí com uma população de 3,07 milhões de habitantes possui sua economia voltada para a agricultura e pecuária. Das 1,16 milhão de habitantes na zona urbana, 604 mil é constituído de homens e 559 de mulheres.
Com 597 mil jovens de 14 a 24 anos, o Piauí desenvolve uma diversidade de projectos que visem integrar seus jovens no contexto da educação e do mundo do trabalho. Paralelo a isso, desenvolve acções de combate ao trabalho infantil, forte incremento financeiro do Governo Federal e uma rede institucional da Igreja Católica presente principalmente na capital do estado, Teresina.
Em 2008, para o estado do Piauí, o Governo Federal, através do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome transferiu para o Piauí, 400,8 milhões de reais a título de programas sociais de combate à fome e à pobreza, sendo o principal motor o Programa Bolsa Família, que destina por mês 33,4 milhões de reais a 371,7 mil famílias que estão abaixo da linha de pobreza.
O Estado do Piauí possui índices sociais abaixos da média regional, justificando com isso um investimento constante por parte do Governo Federal de recursos visando reduzir a desigualdade presente principalmente nos estados nordestinos. Com a colaboração diversas igrejas e congregrações religiosas, com predomínio da Igreja Católica, o Piauí possui uma grande rede de solidariedade de ação social, presente principalmente na capital e nas cidades de porte médio do estado. O objetivo principal é reduzir a desigualdade e a promoção da cidadania, com a integração dos excluídos no contexto da social, através da ação social e da solidariedade.

Dados do IBGE aponta quem em relação à distribuição da riqueza, o Brasil está londe de ser referência, tendo o Nordeste brasileiro o maior percentual de pessoas pobres (51,6%), sendo que tais índices são mais agravantes quando se destaca a população jovem (de 0 a 17 anos), com 68,1%.
Evidencia-se que, quanto maior a distância do contexto nacional, maior é a desigualdade presente no Estado do Piauí, espaço fecundo para um trabalho social e assistencial implementado pelo Estado, em parceria com a Igreja Católica.
Ação Social – Aspectos Teóricos e Legais:

Enquanto a Ação é compreendida como comportamento humano sempre que na medida em que o agente ou os agentes o relacionem com um sentido subjetivo, a Ação social é entendio por Weber como um comportamento de muitas pessoas cuja orientação é dada pelo ajustamento recíproco de cada comportamento ao do outro (Weber, 1987-I:290).
Trata-se de atividade visando obter resultados, a partir de ação concreta e objetiva, relacionado ao exercício profissional.
Compreender a ação social remete a preocupação passado e presente da humanidade, visando uma reconfiguração das instituições sociais, em busca duma maior objetividade e racionalidade da ação humana.
Enquanto organização do Terceiro Setor, as instituições da Igreja Católica pode ser definidas como entidades de iniciativa privada, que fonece bens, serviços e idéias para melhorar a qualidadade de vida em sociedade, onde poderá existir trabalho voluntário, e que não remunera os detentores e fornecedores de capital (Carvalho, 2005: 23).
O projeto de Assistência Social no Brasil sempre teve apoio do Terceiro Setor e estímulo do Estado:
A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas (Artigo 1º da Lei nº 8.742, de 7 de Dezembro de 1993).
Evidencia-se uma ligação muito próxima do Estado com as entidades Não Governamentais na implementação de políticas sociais voltados para os excluídos da sociedade.
Diretamente vinculado às políticas de Ação Social do Estado, as instituições da Igreja Católica assume na sua quase integridade os principais objetivos da Assistência Social estabelecido na Lei.
Os principais objetivos da Ação Social estão presente no Artigo 1º da Lei nº 8.742, de 7 de Dezembro de 1993, que estabelece:
I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescencia e à velhice;
II – o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III – a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária.

- responder pela concessão e manutenção dos benefícios de prestação continuada a deficientes e idosos.
- apoiar técnica e financeiramente os serviços, os programas e os projetos de enfrentamento da pobreza em âmbito nacional
- atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência.
Os Estados assumem funções mais específicas:
- destinar recursos financeiros aos Municípios (...)
- apoiar técnica e financeiramente os serviços, os programas e os projetos de enfrentamento da pobreza em âmbito regional e local;
- atender, em conjunto com os Municípios, às ações assistenciais de carácter de emergência;
- estimular e apoiar técnica e financeiramente as associações e consócios municipais na prestação de serviços de assistência social;
- prestar os serviços assistenciais cujo custos ou ausência de demanda municipal justifiquem uma rede regional de serviços, desconcentrada, no âmbito do respectivo Estado.

Piauí e o Contexto da Ação Social – Aspectos Históricos:

Segundo estudo de Carvalho, o período de instalação da ASA coincidiu no contexto global com a convocação do Concílio Vaticano II e (1962-1965) e no contexto nacional, com o início do Regime Militar (1964-1985), estimulando os bispos brasileiros, a desenvolver projetos de promoção humana e social visando à melhoria das condições de vida da população. (Carvalho, 2006:44)

Os projetos tiveram como prioridade a educação, a organização e a mobilização em busca dos direitos sociais e políticos das pessoas excluídas social, política e economicamente.(Carvalho, 2006: 22).

As pastorais sociais presente e atuantes na década de 1960 era JAC, JEC, JIC,JOC e JUC. Tais movimentos influenciaram o episcopado brasileiro, especialmente o do Nordeste. Tais pastorais tiveram influência da política episcopal de Dom Avelar Brandão Vivela.

A ação social da Igreja no Piauí tem forte influência do Concílio Vaticano II, iniciada no papado de João XXIII, onde este afirmava que a Igreja devia abrir as janelas para ver o mundo, significando que:

Abrindo as janelas para ver o mundo, a Igreja se põe à escuta dos anseios e clamores da humanidade na vida real. Leva em consideração o progresso das ciências e da técnica, a diversidade das culturas, a marcha da História. E se sente inserida no mundo.

Tendo a Constituição Pastoral Gaudium Et Spes (sobre a Igreja no mundo atual), carta magna da Ação Social da Igreja, a 4ª das Constituições do Concílio Vaticano II, promulgado pelo Papa Paulo VI em 7 de Dezembro de 1965.

Setúbal destaca que a origem do serviço social no Piauí, com as caracteriísticas e o modelo atual, remete aos anos 1950, com a criação em 1958 da Serviço Social da Indústria – SESI, do Serviço Social do Estado – Serse, em 1960 e da Ação Social Arquidiocesana – ASA, em 1960 (sic).(Setúbal, 1993).

Anterior a isso, sempre esteve presente atividades caritativas, ligada à Santa Casa de Misericórdia e outras entidades caritativas ligadas à Igreja, como a Irmandade de São Vicente e órdem de São Francisco.

A Ação Social Arquidiocesana – ASA, instituição de Ação Social da Igreja Católica da Arquidiocese de Teresina – Piauí, foi fundada em 13 de junho de 1956, por Dom Avelar Brandão Vilela, à data arcebispo da arquidiocese. Com 53 anos de atividade, a ASA desenvolve atualmente Ação Social a partir de duas linhas de ação: Assistência Social e Saúde. Na primeira linha de ação, envolve a Infância e Adolescência, Adolescência e Juventude, Organização Política e Social e Terceira Idade. Na Linha de Ação Saúde, abrange a Caminhada da Fraternidade, o Centro Maria Imaculada (reabilitação dos doentes de Hanseníase) o Lar da Fraternidade (atendimento a portadores do vírus HIV/AIDS) e o Lar de Misericórdia (acolhe o povo pobre e doente em geral).

Segundo relatório da ASA, na área de Assistência Social, esta desenvolve ações de proteção e promoção à família, à infância, à juventude e à velhice, bem como a portadores e portadoras de deficiência, com particular prioridade às pessoas pobres, mediante programas e projetos voltados para o atendimento, assessoramento, defesa e garantia de direitos dos beneficiários e beneficiárias, tais como: estímulo à escolaridade, promoção da integração ao mercado do trabalho, inclusão social das pessoas portadoras de deficiência e doenças, tais como aids, hanseníase e câncer.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

SITE DO TRABALHO DO MOVIMENTO EMAUS EM TERESINA FUNDADO POR PE. JOÃO PAULO.


No site: http://ceutagecomceut.blogspot.com/2008/11/movimento-emas-pequenos-passos-de-um.html informa o trabalho do movimento Emaús que é uma ONG que tem como objetivo montar grupos comunitários para recolher materiais recicláveis, consertá-los e revendê-los para as populações carentes por preços baixos. Foi fundado em 1949 na França e hoje existe em mais de 40 países. No Brasil, oito Estados já contam com o movimento, inclusive o Piauí, onde chegou em 1997.Em Teresina há dois grupos, um voltado para a reciclagem e outro que trabalha com a parte agrícola. Através de doações, os Emaús vão juntando materiais suficientes para reformarem e venderem a preços acessíveis para as populações carentes. Antônio Francisco Silva, presidente da ONG em Teresina, disse que “através das doações da população o movimento tende a crescer, e tudo o que vier para o bem da comunidade é bem vindo. Somos um grupo da Igreja católica, mas todas as igrejas ajudam, sejam católicas ou não. Não recebemos ajuda de políticos, mas aquele que vier ajudar será bem vindo, mas sem compromisso, a ajuda é para a comunidade”.O dinheiro arrecadado é dividido entre os participantes, sendo que uma parte é destinada para pagar as despesas e a outra é dividida entre os trabalhadores. Eles fazem um bazar a cada duas semanas ou a cada mês, e os materiais reciclados são vendidos a um preço bem acessível. Como exemplo, um guarda-roupa custa 30 reais. “A minha maior satisfação é a de servir cada um que precisa da gente. E o meu maior objetivo é poder dizer que cada um que trabalha nesse projeto consegue ganhar um salário mínimo”, conta Antônio Francisco Silva.Hoje o grupo é uma alternativa para quem não tem emprego, pois ainda não dá condições para que os participantes sobrevivam com o dinheiro arrecadado. De acordo com Antônio Francisco Silva, “antes eu não tinha meus dez reais, mas hoje eu já tenho meus dez reais todo mês. Antes eu não tinha cinqüenta reais, mas hoje eu já posso conseguir”.Os livros recebidos através das doações não são vendidos, pois já existe uma biblioteca e uma sala de reforço para quem quiser estudar. Francisca, trabalhadora dos Emaús, voltou a estudar após 24 anos e relata que “já temos três crianças do bairro que vem todos os dias ter aula de reforço e usar nossos livros”.Antônio Silva resume o trabalho do movimento em vontade e sonho, dizendo que “é tão bom quando a gente tem a vontade. É ruim ver gente que tem tantas coisas e não tem vontade. Ter vontade e sonhar acordado é uma realização, agora você não ter vontade ou sonhar dormindo é uma tristeza, pois todo sonho dormindo não acontece”.

INTERPRETAÇÃO DO SEGREDO DE FÁTIMA SEGUNDO CARDEAL JOSEPH RATZINGER


A primeira e a segunda parte do « segredo » de Fátima foram já discutidas tão amplamente por específicas publicações, que não necessitam de ser ilustradas novamente aqui. Queria apenas chamar brevemente a atenção para o ponto mais significativo. Os pastorinhos experimentaram, durante um instante terrível, uma visão do inferno. Viram a queda das « almas dos pobres pecadores ». Em seguida, foi-lhes dito o motivo pelo qual tiveram de passar por esse instante: para « salvá-las » — para mostrar um caminho de salvação...
...Do mesmo modo que tínhamos indentificado, como palavra-chave da primeira e segunda parte do « segredo », a frase « salvar as almas », assim agora a palavra-chave desta parte do « segredo » é o tríplice grito: « Penitência, Penitência, Penitência! » Volta-nos ao pensamento o início do Evangelho: « Pænitemini et credite evangelio » (Mc 1, 15). Perceber os sinais do tempo significa compreender a urgência da penitência, da conversão, da fé. Tal é a resposta justa a uma época histórica caracterizada por grandes perigos, que serão delineados nas sucessivas imagens. Deixo aqui uma recordação pessoal: num colóquio que a Irmã Lúcia teve comigo, ela disse-me que lhe parecia cada vez mais claramente que o objectivo de todas as aparições era fazer crescer sempre mais na fé, na esperança e na caridade; tudo o mais pretendia apenas levar a isso.
Examinemos agora mais de perto as diversas imagens. O anjo com a espada de fogo à esquerda da Mãe de Deus lembra imagens análogas do Apocalipse: ele representa a ameaça do juízo que pende sobre o mundo. A possibilidade que este acabe reduzido a cinzas num mar de chamas, hoje já não aparece de forma alguma como pura fantasia: o próprio homem preparou, com suas invenções, a espada de fogo. Em seguida, a visão mostra a força que se contrapõe ao poder da destruição: o brilho da Mãe de Deus e, de algum modo proveniente do mesmo, o apelo à penitência. Deste modo, é sublinhada a importância da liberdade do homem: o futuro não está de forma alguma determinado imutavelmente, e a imagem vista pelos pastorinhos não é, absolutamente, um filme antecipado do futuro, do qual já nada se poderia mudar. Na realidade, toda a visão acontece só para chamar em campo a liberdade e orientá-la numa direcção positiva. O sentido da visão não é, portanto, o de mostrar um filme sobre o futuro, já fixo irremediavelmente; mas exactamente o contrário: o seu sentido é mobilizar as forças da mudança em bem. Por isso, há que considerar completamente extraviadas aquelas explicações fatalistas do « segredo » que dizem, por exemplo, que o autor do atentado de 13 de Maio de 1981 teria sido, em última análise, um instrumento do plano divino predisposto pela Providência e, por conseguinte, não poderia ter agido livremente, ou outras ideias semelhantes que por aí andam. A visão fala sobretudo de perigos e do caminho para salvar-se deles.

As frases seguintes do texto mostram uma vez mais e de forma muito clara o carácter simbólico da visão: Deus permanece o incomensurável e a luz que está para além de qualquer visão nossa. As pessoas humanas são vistas como que num espelho. Devemos ter continuamente presente esta limitação inerente à visão, cujos confins estão aqui visivelmente indicados. O futuro é visto apenas « como que num espelho, de maneira confusa » (cf. 1 Cor 13, 12). Consideremos agora as diversas imagens que se sucedem no texto do « segredo ». O lugar da acção é descrito com três símbolos: uma montanha íngreme, uma grande cidade meia em ruínas e finalmente uma grande cruz de troncos toscos. A montanha e a cidade simbolizam o lugar da história humana: a história como árdua subida para o alto, a história como lugar da criatividade e convivência humana e simultaneamente de destruições pelas quais o homem aniquila a obra do seu próprio trabalho. A cidade pode ser lugar de comunhão e progresso, mas também lugar do perigo e da ameaça mais extrema. No cimo da montanha, está a cruz: meta e ponto de orientação da história. Na cruz, a destruição é transformada em salvação; ergue-se como sinal da miséria da história e como promessa para a mesma.
Aparecem lá, depois, pessoas humanas: o Bispo vestido de branco (« tivemos o pressentimento que era o Santo Padre »), outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e, finalmente, homens e mulheres de todas as classes e posições sociais. O Papa parece caminhar à frente dos outros, tremendo e sofrendo por todos os horrores que o circundam. E não são apenas as casas da cidade que jazem meio em ruínas; o seu caminho é ladeado pelos cadáveres dos mortos. Deste modo, o caminho da Igreja é descrito como uma Via Sacra, como um caminho num tempo de violência, destruições e perseguições. Nesta imagem, pode-se ver representada a história dum século inteiro. Tal como os lugares da terra aparecem sinteticamente representados nas duas imagens da montanha e da cidade e estão orientados para a cruz, assim também os tempos são apresentados de forma contraída: na visão, podemos reconhecer o século vinte como século dos mártires, como século dos sofrimentos e perseguições à Igreja, como o século das guerras mundiais e de muitas guerras locais que ocuparam toda a segunda metade do mesmo, tendo feito experimentar novas formas de crueldade. No « espelho » desta visão, vemos passar as testemunhas da fé de decénios. A este respeito, é oportuno mencionar uma frase da carta que a Irmã Lúcia escreveu ao Santo Padre no dia 12 de Maio de 1982: « A terceira parte do “segredo” refere-se às palavras de Nossa Senhora: “Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas” ».

Na Via Sacra deste século, tem um papel especial a figura do Papa. Na árdua subida da montanha, podemos sem dúvida ver figurados conjuntamente diversos Papas, começando de Pio X até ao Papa actual, que partilharam os sofrimentos deste século e se esforçaram por avançar, no meio deles, pelo caminho que leva à cruz. Na visão, também o Papa é morto na estrada dos mártires. Não era razoável que o Santo Padre, quando, depois do atentado de 13 de Maio de 1981, mandou trazer o texto da terceira parte do « segredo », tivesse lá identificado o seu próprio destino? Esteve muito perto da fronteira da morte, tendo ele mesmo explicado a sua salvação com as palavras seguintes: « Foi uma mão materna que guiou a trajectória da bala e o Papa agonizante deteve-se no limiar da morte » (13 de Maio de 1994). O facto de ter havido lá uma « mão materna » que desviou a bala mortífera demonstra uma vez mais que não existe um destino imutável, que a fé e a oração são forças que podem influir na história e que, em última análise, a oração é mais forte que as balas, a fé mais poderosa que os exércitos.

A conclusão do « segredo » lembra imagens, que Lúcia pode ter visto em livros de piedade e cujo conteúdo deriva de antigas intuições de fé. É uma visão consoladora, que quer tornar permeável à força sanificante de Deus uma história de sangue e de lágrimas. Anjos recolhem, sob os braços da cruz, o sangue dos mártires e com ele regam as almas que se aproximam de Deus. O sangue de Cristo e o sangue dos mártires são vistos aqui juntos: o sangue dos mártires escorre dos braços da cruz. O seu martírio realiza-se solidariamente com a paixão de Cristo, identificando-se com ela. Eles completam em favor do corpo de Cristo o que ainda falta aos seus sofrimentos (cf. Col 1, 24). A sua própria vida tornou-se eucaristia, inserindo-se no mistério do grão de trigo que morre e se torna fecundo. O sangue dos mártires é semente de cristãos, disse Tertuliano. Tal como nasceu a Igreja da morte de Cristo, do seu lado aberto, assim também a morte das testemunhas é fecunda para a vida futura da Igreja. Deste modo, a visão da terceira parte do « segredo », tão angustiante ao início, termina numa imagem de esperança: nenhum sofrimento é vão, e precisamente uma Igreja sofredora, uma Igreja dos mártires torna-se sinal indicador para o homem na sua busca de Deus. Não se trata apenas de ver os que sofrem acolhidos na mão amorosa de Deus como Lázaro, que encontrou a grande consolação e misteriosamente representa Cristo, que por nós Se quis fazer o pobre Lázaro; mas há algo mais: do sofrimento das testemunhas deriva uma força de purificação e renovamento, porque é a actualização do próprio sofrimento de Cristo e transmite ao tempo presente a sua eficácia salvífica.

Chegamos assim a uma última pergunta: O que é que significa no seu conjunto (nas suas três partes) o « segredo » de Fátima? O que é nos diz a nós? Em primeiro lugar, devemos supor, como afirma o Cardeal Sodano, que « os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do “segredo” de Fátima parecem pertencer já ao passado ». Os diversos acontecimentos, na medida em que lá são representados, pertencem já ao passado. Quem estava à espera de impressionantes revelações apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o futuro desenrolar da história, deve ficar desiludido. Fátima não oferece tais satisfações à nossa curiosidade, como, aliás, a fé cristã em geral que não pretende nem pode ser alimento para a nossa curiosidade. O que permanece — dissemo-lo logo ao início das nossas reflexões sobre o texto do « segredo » — é a exortação à oração como caminho para a « salvação das almas », e no mesmo sentido o apelo à penitência e à conversão.

Queria, no fim, tomar uma vez mais outra palavra-chave do « segredo » que justamente se tornou famosa: « O meu Imaculado Coração triunfará ». Que significa isto? Significa que este Coração aberto a Deus, purificado pela contemplação de Deus, é mais forte que as pistolas ou outras armas de qualquer espécie. O fiat de Maria, a palavra do seu Coração, mudou a história do mundo, porque introduziu neste mundo o Salvador: graças àquele « Sim », Deus pôde fazer-Se homem no nosso meio e tal permanece para sempre. Que o maligno tem poder neste mundo, vemo-lo e experimentamo-lo continuamente; tem poder, porque a nossa liberdade se deixa continuamente desviar de Deus. Mas, desde que Deus passou a ter um coração humano e deste modo orientou a liberdade do homem para o bem, para Deus, a liberdade para o mal deixou de ter a última palavra. O que vale desde então, está expresso nesta frase: « No mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o mundo » (Jo 16, 33). A mensagem de Fátima convida a confiar nesta promessa.

Joseph Card. Ratzinger
Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé
Fonte:
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20000626_message-fatima_po.html